quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Querências

Quero aprender a ser pingos de chuva, que caiem para molhar o solo sedento. O solo que abriga e se despede, o solo da espera suave. Quero ser semente de sonhos, flores de alegria, quero me ver despida como árvore no outono. Quero me encher de sol e não ficar só. Quero morar em uma nuvem e me jogar dela. Quero atravessar os rios para sentir os pés molhados Quero ser bicho que fere, bicho ferido. Ser ferida que não cicatriza. Quero me sentir filha e me fazer mãe a cada manhã. Quero a delicadeza da presença de vida que a morte anuncia. E no querer de cada dia, descubra, a sombra do não querer.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ave Dor

A mala está pronta mas a passagem não foi comprada, a pista está vazia, e os aviões sobrevoam a minha dor. A mala pesa por estar vazia, não sei o que levo daqui, mas eu me levo, eu me arrasto por este corredor. A dor que não cessa aumenta o desejo de partida e, quando os aviões já estiverem pousado talvez desembarque o desejo de ser feliz na casa antiga.