segunda-feira, 12 de julho de 2010

Escrita Neurótica Obsessiva.




Tenho estado sentado no sofá da minha casa, e não consigo parar de pensar, penso no que estou pensando e também no que deixo de pensar, como um boi solitário no pasto, que não para de ruminar a comida sem gosto.

Preciso escolher, mas já é tarde, não consigo sem a luz do sol, amanhã talvez eu o faça, o amanhã que nunca deixa de ser amanhã. Escolher é renunciar, recuso-me e acuso-me.

Estou me sentindo cansado, a minha energia está sendo queimada junto com a vela que clareia o monte de livros sobre a mesa, estou em luto, velando a ação que insiste em morrer no pensamento.

Com a noite vem o medo, medo da morte, a morte que vive em mim. Esses pensamentos que não cessam, preciso me livrar deles, mas se o faço, o que me resta?

Tenho sentido culpa, e esta se torna maior quando penso não tê-la. Justo eu que sempre estive no controle, sabia exatamente que peça mexer no tabuleiro de xadrez, eu que sempre fui admirado. Eu que nunca desejei muito, que fui um ótimo amante para as mulheres insaciáveis.

Que saudade das canções de ninar no colo quente e macio, o tempo que está inscrito na areia fina de uma praia deserta, ás vezes sinto os pés molhados ao acordar de um belo sonho.

Eu que tenho deixado meus afetos trancados em uma caixa escura, que eles já nem sabem mais quem são, o afeto sou eu.

Eu, servo dos pensamentos, tenho sentido o cheiro de enxofre do inferno do dever.

Justo eu que sempre paguei a conta, e permaneço em dívida, a conta que não dou conta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário