segunda-feira, 12 de julho de 2010

Saudade...



Preciso ficar sozinha, tem coisas que clamam por solidão, preciso olhar no espelho e só me ver e me ver só, sem que tenham outros olhares a me fitar, quero derramar as lágrimas sem ter medo que molhem o pé que atravessa meu quarto, quero comer biscoitos sem me preocupar com o barulho que incomoda a cadeira ao lado, quero andar sem roupa pela casa, quero gritar, quero falar palavrões sem temer a censura, quero me fingir de louca, de santa, quero aprender a ser eu. Quero errar e começar novamente sem que eu precise de nenhuma canção.... quero ser poesia!

Quero sentir saudade, quero lhe dar nome e cheiro. Saudade do passado que insiste em se atualizar em cada fio de cabelo novo.

A minha saudade tem nome, tem nomes, é saudades. Ela me tonteia a ponto de não conseguir levantar e seguir a trilha. A minha saudade é ciumenta, é desejosa, quer corpo, é sedenta de presença. É a tempestade que se acalma com o sorriso que ecoa no silêncio da sala, trazido pelas lembranças que ainda pulsam.

Estou tão cheia de saudade que sinto não ter mais espaço em mim, a casa está cheia, o coração está cheio, na cama não cabe mais ninguém.

Tenho que ficar só, o trem vai partir e não resta mais nenhum lugar vago, o vagão está pesado de memória, e assim permanecerá, até que eu consiga me despedir de cada passageiro na próxima parada , e levar apenas uma foto que caiba no bolso da calça surrada pelos anos.

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