segunda-feira, 12 de julho de 2010

Viva la Vida



É sempre hora de celebrar, celebra-se os nascimentos, os casamentos, celebra-se para não esquecer que está vivo, a vida arrisca-se a ficar esquecida em meio a figuras cotidianescas, então chega-se a hora de parar o constante movimento das coisas para olhar, para esta menina ou senhora, chamada Vida , e referenciá-la.

Ás vezes cuidada como uma princesa, é dirigido-lhe todo cuidado e zelo, ora torna-se plebéia nas mãos de quem não sabe o que fazer com ela.

Ontem estive em um velório, confesso que estava resistente, trago isso comigo, desde muito pequena, quando minha avó me levava contrariada a todos os velórios da cidade e , ontem me surpreendi com o que vi, percebi que as pessoas necessitam enterrar seus mortos para descobrirem que ainda estão vivas, e um gozo silencioso mantem se vivo no olhar de cada alma caridosa que permanece velando o pobre defundo, o gozo de não serem elas o corpo velado.

Em pé a olhar para o defunto, um velho que vivia sozinho, uma lágrima escorreu, não chorava por ele, este soube viver a vida, chorava por mim, me vi deitado na urna fria, eu que morria todos os dias, eu que matava os meius sonhos todos os dias, mas ainda me restava um pouco de vida, como em um tanque reserva, podia fazer diferente.

Ontem enterrei uma parte de mim, a pior, a que era desacreditada, a que não desejava nada. Agora preciso visitar a sobrinha que acabara de nascer, algo em mim também quer e precisar nascer.

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